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Sustentabilidade
A questão ambiental começou a ser abordada no início dos anos 1950, a partir de um fato e de uma publicação: o fato foi a poluição por mercúrio de uma baía no Japão, em Nagata. O país ficou muito abalado, pois a população ainda estava sob o medo e as consequências da explosão das bombas atômicas, e menos de dez anos depois várias pessoas morreram, outras ficaram doentes e houve deformidades fetais. Na mesma época, foi lançado um livro que relatava um fenômeno ocorrido nos Estados Unidos. Naquele ano, na primavera, não nasceram flores em diversas cidades americanas. Em comum entre elas estava o uso de determinados inseticidas e pesticidas. Ao fenômeno deu-se o nome de "primavera silenciosa", mesmo nome do livro de Rachel Carson.
Nos anos 1950, o mundo também via surgir o american way of life, o início do boom do consumo, já sob fortes críticas da população mundial. Nos anos 1960 teve início o movimento chamado contracultura; com ele surgem o pacifismo, a vida em comunidade, o cultivo de alimentos orgânicos e a produção de roupas orgânicas. Nos anos 1970, houve uma mudança de foco e a grande questão ambiental passou a ser a questão populacional. Pensamentos como "o mundo tem gente demais", "isto vai explodir", "não teremos mais recursos", "não vai ter mais comida para muita gente" eram comuns na época. As pessoas começaram a lembrar dos eventos ocorridos na baía de Nagata e da "primavera silenciosa" nos Estados Unidos, dois processos muito difíceis que ainda não haviam cicatrizado totalmente na população. Na baía de Nagata havia já o consenso de que as tecnologias não estavam muito bem adequadas à produção.
Em resumo: a preocupação com a questão ambiental tinha foco na população e na produção. Ali, de certa forma, houve a percepção de alguma coisa errada; os olhares se voltaram para os meios de produção. Vale lembrar que naquela época eles achavam que nós éramos países de terceiro mundo (hoje em dia nos consideramos países do sul), que deveríamos ter menos filhos, que o controle estava conosco. Nós é que deveríamos diminuir, éramos os responsáveis pelas grandes mazelas. Em 1972, aconteceram duas convenções muito importantes: uma, em Roma, tratou dos limites do crescimento da população mundial, da produção agrícola, da poluição, consequentemente, e da exaustão dos recursos naturais. Na outra, da qual o Brasil participou, houve um consenso de que a crise ambiental estava ligada ao crescimento de tecnologias, à implementação de tecnologias que conduziam a uma má produção tecnológica e tecnologias de produção erradas. Teria que haver, de qualquer maneira, uma restrição não só populacional, mas também em termos de como o planeta poderia produzir melhor e como essa produção seria controlada, especialmente nos países do sul.
A culpa era toda nossa. Depois de sermos considerados culpados por ter muitos filhos e aumentar a população do planeta, teve repercussão o seguinte discurso: as tecnologias empregadas pelos países em desenvolvimento são tecnologias erradas, pois geram muita poluição, muita pobreza e destruição.
Uma década e meia depois, foi organizada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sob o comando da primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que esteve aqui em 2012, na Rio +20. Nesse encontro foi criada uma grande publicação, um relatório chamado Nosso futuro comum. Naquele momento, o grande foco era a poluição da pobreza. Acreditava-se que os problemas ambientais eram consequência da miséria em que os países não desenvolvidos estavam mergulhados. Nesse momento foi definido um termo que conceituou, de certa forma, o que é sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável. Eles definiram que os países do sul tinham que crescer, pois crescendo eles eliminam a pobreza, porque ela, sim, é a poluidora. É a geradora de iniquidade social, de um ambiente totalmente desgastado; ela é a geradora do que chamamos hoje em dia de poluição da pobreza. É daí que vem essa cobrança por parte dos países desenvolvidos, essa necessidade de crescimento que até hoje podemos ver na forma do nosso PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, mas na verdade a ideia era o desenvolvimento sustentável. A ideia de desenvolvimento sustentável era o crescimento econômico, a distribuição de riquezas e a proteção ambiental.
Essa ideia deveria crescer e desenvolver os países pobres. Os países ricos já tinham o desenvolvimento sustentável, não estavam mais na crise ambiental. Na verdade, em momento algum, no Brundtland, organizado no final da década de 1980, foi citado o estilo de vida e de consumo dos países do norte. Para eles o que importava é que nós, países do sul, estávamos produzindo, ainda com tecnologias não limpas; a roupa que eles estavam vestindo, os óculos que eles estavam usando, a soja que o gado deles estava comendo, a carne consumida pelos americanos - o que acontece até hoje - eram situações inquestionáveis. Dessa forma surgiu essa noção de pensar e diminuir a pobreza para que alcançássemos o desenvolvimento sustentável. Nós, do sul, é que tínhamos os problemas; eles, lá no norte, estavam muito bem, sem problema algum. A partir daí, houve um questionamento, por parte dos países do sul, no sentido de que, se existe produção, é porque existe demanda. Começou, então, a surgir uma ideia. O estilo de vida consumista está realmente relacionado à crise ambiental? À iniquidade social? Bom, naquela época, a causa da crise ambiental era a pobreza e as tecnologias poluidoras. E surgiram as soluções, que são válidas até hoje e muito importantes para quem atua na área.
Trecho extraído do artigo "A história da sustentabilidade e sua importância nas escolas", de Juliana Maria Carvalho.
Sustainability
The environmental issue began to be addressed in the early 1950s, from a fact and a publication: the fact was the mercury pollution of a bay in Japan, in Nagata. The country was very shaken, as the population was still under the fear and consequences of the explosion of atomic bombs, and less than ten years later several people died, others became sick and there were fetal deformities. At the same time, a book was released that reported a phenomenon that occurred in the United States. That year, in the spring, flowers didn't grow in several American cities. In common among them was the use of certain insecticides and pesticides. The phenomenon was called "silent spring", the same name as the book by Rachel Carson.
In the 1950s, the world also saw the emergence of the American way of life, the beginning of the consumption boom, already under strong criticism from the world population. In the 1960s, the so-called counterculture movement began; with it come pacifism, community life, organic food cultivation and organic clothing production. In the 1970s, there was a change in focus and the major environmental issue became the population issue. Thoughts like "the world has too many people", "this is going to explode", "we won't have any more resources", "there won't be enough food for too many people" were common at the time. People began to remember the events that took place in Nagata and the "silent spring" in the United States, two very difficult processes that had not yet fully healed in the population. In Nagata there was already a consensus that the technologies were not very well suited to production.
In short: the concern with the environmental issue focused on population and production. There, in a way, there was the perception of something wrong; eyes turned to the means of production. It is worth remembering that at that time they thought we were third world countries (nowadays we consider ourselves countries of the south), that we should have fewer children, that control was with us. We were the ones who should reduce it, we were responsible for the great ills. In 1972, two very important conventions took place: one, in Rome, dealt with the limits of world population growth, agricultural production, pollution, consequently, and the exhaustion of natural resources. In the other, in which Brazil participated, there was a consensus that the environmental crisis was linked to the growth of technologies, the implementation of technologies that led to poor technological production and wrong production technologies. There would have to be, anyway, a restriction not only in terms of population, but also in terms of how the planet could produce better and how this production would be controlled, especially in the countries of the South.
It was all our fault. After we were blamed for having many children and increasing the planet's population, the following speech had repercussions: the technologies used by developing countries are wrong technologies, as they generate a lot of pollution, a lot of poverty and destruction.
A decade and a half later, the World Commission on Environment and Development was organized, under the command of the Prime Minister of Norway, Gro Harlem Brundtland, who was here in 2012, at Rio +20. A major publication was created at this meeting, a report called Our Common Future. At that time, the main focus was the pollution of poverty. It was believed that environmental problems were a consequence of the misery in which undeveloped countries were plunged. At that moment, a term was defined that conceptualized, in a way, what sustainability and sustainable development are. They defined that the countries of the south had to grow, because by growing they eliminate poverty, because it, yes, is the polluter. It is the generator of social inequity, of a totally worn out environment; it is the generator of what we now call the pollution of poverty. That's where this demand on the part of developed countries comes from, this need for growth that we can still see today in the form of our PAC - Growth Acceleration Program, but in fact the idea was sustainable development. The idea of sustainable development was economic growth, wealth distribution and environmental protection.
This idea should grow and develop in poor countries. Rich countries already had sustainable development; they were no longer in the environmental crisis. In fact, at no time in Brundtland, organized in the late 1980s, was the lifestyle and consumption of northern countries mentioned. What mattered to them was that we, the countries of the south, were producing, even with non-clean technologies; the clothes they were wearing, the glasses they were wearing, the soy their cattle were eating, the meat consumed by the Americans - which still happens today - were unquestionable situations. Thus, this notion of thinking and reducing poverty arose so that we could achieve sustainable development. We southerners had the problems; they, up north, were doing very well, no problem at all. From then on, there was a questioning, on the part of the countries of the south, in the sense that, if there is production, it is because there is demand. Then, an idea began to emerge. Is the consumerist lifestyle really related to the environmental crisis? Is it related to social inequality? Well, at that time, the cause of the environmental crisis was poverty and polluting technologies. And solutions emerged, which are valid until today and very important for those who work in the area.
Excerpt from the article "The history of sustainability and its importance in schools", by Juliana Maria Carvalho.